A PEDRA QUE SAI LEITE

O amadurecimento do ser humano pode ser medido por sua capacidade de orientar-se no princípio de realidade, percebendo o que é possível, o que depende dele, o que está e o que não está no seu controle, bem como no gerenciamento das frustrações.

No entanto alguns aspectos do desenvolvimento permanecem imaturos, ao que aqui poderia ser chamado metaforicamente de sua criança interior, que acredita em “coelhinho da Páscoa” e em “Papai Noel”.

A metáfora “A pedra que sai leite”, representa grandemente tais aspectos, em que o sujeito cria para si o desejo de relacionamentos idealizados e que venham a suprir suas necessidades e carências afetivas. Busca sempre a satisfação afetiva desejada, e à medida que não é correspondido vem a frustração, retraumatizando sua criança interior. Mais uma vez frustrado, gerará vários sentimentos que levam ao sofrimento e que acabam perpetuando sua imaturidade.

Foto de Kevin Walsh
Foto de Ambuj Saxena

No método “Argila: Espelho da Auto-Expressão” a máxima é a “concretização da fala” do sujeito, onde o terapeuta percebe e traduz a questão metafórica ali  representada pelo desejo que saia leite da pedra, assim pode ser escolhida e  apresentada a escultura de uma pedra e de uma vaca, ou pela escultura da “Tetuda” do Kit 02 “Argila: Espelho da Auto-Expressão”.  Após terapeuta articula as esculturas escolhidas com suas características essenciais, as qualidades de cada uma delas, no caso a pedra e a vaca. A pedra serve para fazer calçada, segurar algo, fazer muro... A vaca serve para dar leite, carne, para alimentar e fazer vários derivados do leite.

Tetuda com seios proeminentes
Tetuda com seios normais

Enfim cada uma delas tem características e utilidades particulares, porém uma não fornecerá o que a outra fornece. Vaca não será pedra e pedra não será vaca e dará leite. Assim como esperar que o outro forneça sempre os afetos que supram suas  carências estará fadado a frustração. Receberá sim uma quantia de afeto, mas talvez não da forma que preencha seus vazios.

Pela visualização da metáfora e mais o trabalho com os dados de realidade, colaborará para o sujeito reorganizar seus conteúdos infantis de idealização das pessoas, podendo perceber e aceitar as diferenças e as limitações nos vínculos. Podendo assim, amadurecer e viver a condição de uma vida mais saudável.